Cerca de 100 operacionais em simulacro de erupção vulcânica na Terceira

  • 04/09/2025

"O cenário tem como base uma erupção vulcânica e é na sequência dessa erupção que espoletamos toda a resposta. Estão envolvidas 14 entidades neste exercício, cerca de 100 operacionais", adiantou, em declarações aos jornalistas, o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SPPCBA), Rui Andrade.

 

Em outubro de 2024, a Proteção Civil dos Açores, em articulação com as autarquias locais, promoveu um simulacro de evacuação da freguesia das Cinco Ribeiras, no concelho de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, num cenário de erupção vulcânica.

Na altura, o vulcão de Santa Bárbara estava, há quatro meses, em alerta V3, numa escala de 0 a 6, que significava a confirmação da reativação do sistema vulcânico, existindo sinais de atividade elevada.

Cerca de uma centena de pessoas aderiu ao apelo das autoridades e participou no exercício.

Em dezembro, o nível de alerta do vulcão baixou para V2 (possível reativação do sistema) e apesar de a atividade sismovulcânica continuar acima do normal, a população tem sentido sismos com menos frequência. 

Hoje, à hora marcada, à porta da Junta de Freguesia dos Biscoitos, estavam pouco mais de duas dezenas de pessoas à espera do autocarro que as conduziria à Escola Francisco Ornelas da Câmara, na Praia da Vitória, escolhida como zona de concentração e apoio à população.

"É normal que com a situação mais presente no nosso quotidiano as pessoas estejam mais sensíveis e se calhar com mais vontade de participar. A verdade é que esta condição é uma condição permanente para todos nós. Esta suscetibilidade que temos a fenómenos vulcânicos e a fenómenos sísmicos é muito grande e não muda ao longo do tempo", apontou Rui Andrade.

Para o presidente da Proteção Civil dos Açores, este exercício é importante para testar o plano de operações para o risco sísmico do vulcão de Santa Bárbara, que é recente, mas também para testar os planos municipais da freguesia, do município e da região e a articulação entre as diferentes entidades.

Desta vez, em vez de testar um cenário de evacuação preventiva, foi simulada uma evacuação com a erupção a decorrer.

"Esta necessidade de agir imediatamente retira-nos tempo na resposta", justificou Rui Andrade.

Por outro lado, defendeu, o simulacro é uma oportunidade para "criar literacia na população em Proteção Civil, consciencializá-la dos riscos, da necessidade de estar atenta para os comportamentos e as ações adequadas a tomar neste tipo de situações".

"A população é um elo fundamental na Proteção Civil e população mais esclarecida, mais informada, significa população mais preparada", frisou o responsável.

Paulo Figueiredo, residente na freguesia dos Biscoitos, aderiu ao simulacro como figurante, assumindo o papel de acamado.

Admitiu que na fase mais intensa da crise sísmica a população estava apreensiva com o que poderia acontecer.

"[O simulacro] é muito importante para as pessoas ficarem esclarecidas. Pena não ter mais gente", referiu.

Apesar de a crise sísmica se manter desde 2022, Paulo Figueiredo ainda não tem um kit de sobrevivência, mas depois de ter assistido à sessão de esclarecimento para este simulacro admitiu esse hipótese.

"Falei com a minha esposa e disse: temos de preparar um kit. Tentar perceber o que é necessário e reunir o que se puder", revelou.

Inês Codorniz também ainda não criou um kit de sobrevivência, mas pensou igualmente em fazê-lo.

Ainda com o sismo de 1980, que praticamente destruiu a ilha, muito presente na memória, encara este tipo de catástrofes naturais com receio.

"Eu tenho muito medo de tudo, mas principalmente disto. Eu entrei em desespero. Estava grávida. Faltava um mês para o meu filho nascer. Eu passei um susto muito grande. Saí da minha casa e estive um mês numa adega", recordou.

Com cerca de 1.500 habitantes, a freguesia dos Biscoitos é a única do concelho da Praia da Vitória que integra a área de maior suscetibilidade num cenário de erupção do vulcão de Santa Bárbara.

O presidente da junta de freguesia, Luís Vieira, lembrou que ainda este domingo se sentiu um sismo, que teve epicentro a 5km da localidade.

"Todos nós temos receio, porque somos uma terra com possibilidade de acontecer sismos ou um vulcão a qualquer momento", apontou.

Desde 2018 que a junta de freguesia começou a preparar um núcleo de Proteção Civil, que já está concluído e equipado.  

"Sentimo-nos com mais condições para poder ajudar a população em caso de emergência", assumiu Luís Vieira.

Segundo a presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Vânia Ferreira, das 11 freguesias e vilas do concelho, três já têm núcleo de Proteção Civil e a autarquia tem vindo adquirir mais equipamentos de resposta a catástrofes.

O simulacro permitiu ao município testar o plano municipal, "revisto há sensivelmente pouco tempo". 

"Poder pôr em prática o que se estuda e que se prepara no papel é sempre diferente e, por isso, para nós todo o rescaldo desta situação será muito importante para percebermos se ainda temos de evoluir nalgum sentido", salientou a autarca.

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FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/pais/2848589/cerca-de-100-operacionais-em-simulacro-de-erupcao-vulcanica-na-terceira#utm_source=rss-ultima-hora&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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