"Onde está a melhoria dos serviços?" IL quer reforma do Estado no OE
- 03/09/2025
A presidente da Iniciativa Liberal considera que é preciso uma reforma do Estado, nomeadamente no que toca à função pública, defendendo que essa é uma das prioridades do partido para o Orçamento do Estado, que vai ser discutido já em outubro.
Em entrevista à CNN, Mariana Leitão diz que é preciso "fazer uma avaliação profunda da administração pública" e questiona "qual é a avaliação que é feita" a estes trabalhadores, sublinhando que houve um aumento de cem mil funcionários "em números redondos" nos últimos dez anos.
"Onde é que as pessoas veem a melhoria dos serviços públicos? Onde é que as pessoas sentem que este aumento de cem mil funcionários públicos trouxe benefício no atendimento que as pessoas recebem quando se dirigem a um qualquer serviço público?", pergunta a liberal.
Mariana Leitão afirma que "em qualquer setor que não seja o setor público as pessoas são avaliadas" pelo trabalho que desempenham e que, em caso de mostrarem bons resultados são promovidas ou, em caso contrário, são dispensadas.
"Não podemos ter portugueses de primeira e portugueses de segunda", aponta a presidente da IL.
"Não podemos continuar a permitir que quando há incompetência grosseira por parte de quem quer que seja na função pública, que não haja consequências disso", remata.
A segunda prioridade elencada pela presidente da IL é a redução dos impostos sobre o trabalho. Para Mariana Leitão, a situação atual é de "aflição" para os portugueses, que deixa a "classe média esmagada".
"E em compensação, os serviços públicos continuam pior e sem dar resposta", afirma, acrescentando que as pessoas pagam a dobrar para conseguir ter acessos, por exemplo, à saúde e à educação, pagando os seus impostos e, mesmo assim, têm de recorrer aos privados.
Questionada sobre o peso que a IL vai ter nas negociações do Orçamento do Estado (ou a falta dele, tendo em conta que o Governo não depende dos liberais para aprovar o documento), Mariana Leitão diz apenas que o partido "tem o peso que os portugueses nos deram".
A liberal garante que a IL não vai deixar de defender as suas ideias e aquilo que acredita ser melhor para o país, e que vai continuar a fazer oposição ao Governo nas medidas com que não concordar.
Coligações com PSD nas autárquicas não são contraditórias? "São realidades distintas"
Já na reentré política do partido, Mariana Leitão tinha feito críticas à ação do Executivo, apontando falhas na gestão dos incêndios, na habitação e na incapacidade de avançar com reformas estruturais.
Apesar das críticas, que não são raras, a Iniciativa Liberal está em mais de duas dezenas de coligações com o PSD, a nível autárquico, por todo o país.
Confrontada com este facto, a presidente da IL responde que "são realidades distintas" e que a coligação "não nos inibe de continuarmos a defender as nossas políticas".
Mariana Leitão deixou também claro que os acordos que foram feitos nas diversas autarquias preveem um "caderno de encargos com medidas concretas que são essenciais para as vidas das pessoas que vivem naqueles municípios" na visão da IL.
Quanto a um possível acordo com o Chega, após as eleições autárquicas, Mariana Leitão não responde diretamente se seria ou não uma possibilidade. Faz questão apenas de realçar que o importante para o partido é a aplicação das medidas que consideram cruciais para esses municípios.
Cotrim Figueiredo vai "ter um extraordinário resultado"
Já em jeito de conclusão, a liberal comenta ainda a candidatura de João Cotrim de Figueiredo (ele que também já liderou a Iniciativa Liberal) à Presidência da República.
"Tem todas as condições para ter um extraordinário resultado. E a minha convicção é de que ele vai ter, de facto, um resultado muito acima daquilo que ele próprio, se calhar, espera", afirma.
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