Putin vai vender gás à China a preço mais baixo mas nega favorecimentos
- 04/09/2025
"Aqui, não há caridade da parte de ninguém. São acordos mutuamente vantajosos, que se concretizam segundo os princípios de mercado que se seguem nesta região", disse, durante uma conferência de imprensa em Pequim.
Mas, depois, admitiu que o acordo consagra um preço mais baixo para o gás vendido à China.
"Isto vai criar vantagens competitivas para os nossos amigos chineses, que vão receber o produto a preços de mercado regulado, não a preços inflacionados, como vemos agora na zona europeia", disse.
Putin avançou que "o preço do produto não se baseia nos preços atuais, mas em uma fórmula específica".
Informou também que as negociações com a China tinham tido um espetro amplo de possibilidades e que decorreram ao longo de mais de um ano.
Desta forma, o Kremlin procura apresentar-se como garante da estabilidade energética a nível internacional, depois de a União Europeia ter reduzido grande parte das suas compras depois do início da invasão russa da Ucrânia.
Apesar do novo acordo, que vai permitir um fornecimento adicional anual de 50 mil milhões de metros cúbicos (mmmc) de gás, através da estatal russa Gazprom, este acordo é insuficiente para paliar as perdas do mercado europeu, que em 2020 importava 185 mmmc de gás russo.
Na terça-feira, o presidente da Gazprom, Alexei Miller, anunciou que a Federação Russa, a China e a Mongólia tinham assinado um memorando vinculativo para a construção do gasoduto Força de Sibéria 2, que deve demorar quatro a cinco anos e contempla fornecimentos para um período de 30 anos.
Já circulavam rumores de baixas no preço do gás russo para a China, com Pequim a exigir 60 dólares por cada mil metros cúbicos, o que Moscovo considerava inaceitável, por ser equiparável ao preço no mercado interno.
Miller insinuou que os preços seriam mesmo mais baixos.
"Os custos de transporte do fornecimento de gás para o mercado chinês são muito menores. É algo objetivo. O mercado chinês está mais próximo. Os gastos logísticos são menores. Consequentemente, os preços são objetivamente mais baratos", disse.
O acordo constitui um alívio para a Gazprom, que se encontrava em uma grave crise pela perda do mercado europeu.
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